Se você pudesse ter um superpoder, qual seria?

bill melinda laser

Sidarta era um príncipe predestinado a ser rei, mas aos 29 anos, sai do palácio para conhecer de perto a condição humana. Renuncia à riqueza, alcança a iluminação, e passa a ser conhecido como Buda. Muda o mundo dedicando-se aos outros, fazendo milagres e ensinando o caminho para o bem.

A história guarda um paralelo com Bill Gates.

Já considerado um dos homens mais ricos do mundo, e decidido a resolver alguns dos mais maiores problemas da humanidade, aos 46 anos, ele resolve se retirar do dia a dia da Microsoft, cria uma fundação filantrópica, e doa quase toda a sua fortuna a ela. Ele passa a viajar pelo planeta para conhecer de perto os países mais pobres do mundo, a fazer ações humanitárias, e vem ensinando com seu exemplo que existe um outro lado da vida, bem aqui na Terra.

Bill e sua esposa Melinda Gates iniciam sua Carta Anual de 2016 convidando as pessoas a pensarem um pouco em milagres:

“Se você pudesse ter um superpoder, qual seria?

“Sonhar que você gostaria de ser capaz de ler mentes, olhar através de paredes, ou ter algum poder super-humano pode parecer tolice, mas isso na verdade está no centro do que realmente importa em sua vida.”

A Fundação Gates, com US$ 40 bilhões de patrimônio, é de longe a maior do mundo. (A Fundação Rotary possui US$ 1 bilhão.) E graças ao seu tamanho, e inteligência com que os recursos são alocados, vem fazendo um tremendo impacto sobre alguns grandes problemas da humanidade. Por exemplo, o ingresso da Fundação Gates na Iniciativa Global para a Erradicação da Pólio, em 2007, trouxe um novo impulso ao programa. Hoje já se espera que 2016 seja o último ano da doença.

“Diariamente em nosso trabalho na Fundação, somos inspirados por pessoas que conhecemos fazendo coisas extraordinárias para melhorar o mundo. Todas exploraram algum tipo de superpoder que todos nós possuímos: o poder de fazer a diferença na vida dos outros.

Não estamos dizendo que todos precisam dedicar suas vidas ao pobres. Suas vidas são ocupadas o suficiente fazendo tarefas domésticas, praticando esporte, fazendo amigos, perseguindo seus sonhos. Mas pensamos que você pode viver uma vida mais poderosa quando você dedica algum tempo e energia em algo muito maior que você.”

Bill Gates também é religioso (protestante mas frequenta a igreja católica) e acredita que a fortuna concedida a ele pela sociedade deve ser retornada a ela pois a ela pertence, sendo ele apenas seu guardião temporário. Por isso ele doou em vida praticamente toda sua fortuna para que esta trabalhe em prol da humanidade.

Uma vez John Lennon afirmou que os Beatles eram “mais populares que Jesus”, o que causou enorme indignação. Bill é menos pretensioso, porém muitos acreditam que por sua obra, após a sua morte, uma estátua em homenagem a ele será erguida em cada país da África.

Neste ano, o casal Gates em sua carta se dirige aos jovens:

“Encontre alguma questão que se lhe apaixonante e aprenda mais sobre ela. Torne-se voluntário ou, se puder, doe um pouco a uma causa. O que quer que faça, não seja apenas um observador. Envolva-se. Você terá a oportunidade de causar um impacto maior quando tiver mais idade.

Mas por que não começar agora?

Nossa experiência trabalhando na saúde, desenvolvimento, e energia, nas últimas duas décadas, tem sido uma das mais gratificantes partes de nossa vida. Isso tem nos transformado e continua a alimentar o nosso otimismo sobre o quanto as vidas das pessoas mais pobres podem melhorar daqui para frente.

Sabemos que é uma experiência que irá mudar a sua vida também. Você será como Clark Kent [o Superman] se curvando para trocar de identidade, surgindo como uma capa, mas com superpoderes que você nunca soube que tinha.”

Então, por que não começar sua transformação agora também?

Wan Yu Chih
Presidente da Comissão Distrital da Fundação Rotary 2016-2019

Trechos extraídos de “2016 Annual Letter” da Fundação Bill e Melinda Gates, publicado em 22 de Fevereiro de 2016.

Armadilha da pobreza

Você já se sentiu encurralado, sem saída?

Algumas pessoas passam por mudanças abruptas na vida em decorrência de uma separação, desemprego, falência, morte, desastre ou doença, e quando não conseguem se recuperar, passam a sofrer as consequências da pobreza. Se a situação persistir por três gerações, elas entram em uma armadilha – a armadilha da pobreza.

Crianças que nascem pobres farão parte de um ciclo de pobreza. Enquanto esse ciclo não é rompido, elas serão pais e mães de crianças igualmente pobres. As crianças, subnutridas, crescem, tornam-se mães sem saúde, e dão a luz a bebês propensos a doenças e sem perspectivas; ou, crescem e tornam-se pais sem saúde e educação, incapazes de alimentar e educar seus filhos.

Para se romper esse ciclo, uma das melhores soluções é investir na infância – em saúde e educação básica.

Quando a pobreza é extrema, as pessoas não têm a capacidade de sair da armadilha por si mesmos. Falta-lhes praticamente tudo: saúde, conhecimento, dinheiro. Quando o problema envolve a comunidade como um todo, é praticamente impossível sair dessa situação sem ajuda de fora.

Por isso, outra forma de se romper o ciclo é promover o aumento de renda, por exemplo, com microcrédito, sementes e fertilizantes, e assistência em capacitação profissional.

Temos dificuldades no Brasil, sim. Mas nada compara-se ao que acontece na África. Diariamente, 15.000 pessoas morrem de doenças preveníveis como HIV, pneumonia, diarreia e malária. Além do fardo da doença sobre a população, sua agricultura é uma das piores do mundo, o que gera crises crônicas de fome. E para compensar a elevada taxa de mortalidade das crianças, os pais têm um número elevado de filhos, aprofundando o ciclo de pobreza.

Apesar de ser considerado o berço da humanidade, boa parte do continente é encurralado geograficamente – ao norte pelo deserto do Saara, e no restante pela falta de vias navegáveis – o que impediu o comércio e desenvolvimento desde os tempos antigos.

Composta por 47 países, a África Subsaariana possui a maior concentração de pessoas aprisionadas pela pobreza do planeta. Por isso, é a região que mais recursos vem recebendo da Fundação Rotary. Somente no ano passado foram US$ 103 milhões de um total de US$ 232 milhões doados pelos rotarianos do mundo inteiro.

Wan Yu Chih
Presidente da Comissão Distrital da Fundação Rotary 2016-2019

Existem mais coisas para serem buscadas na vida do que a felicidade

Viktor_Frankl

Em setembro de 1942, Viktor Frankl, um psiquiatra judeu de Viena foi levado a um campo de concentração nazista junto com sua esposa e seus pais.

Três anos mais tarde quando foi libertado, todos haviam morrido – exceto ele.

Em seu famoso livro “Em Busca de Sentido”, lançado em 1946, Frankl conclui que a diferença entre aqueles que sobreviveram e morreram se deve a uma só coisa: o sentido da vida. Os que encontraram uma razão mesmo nas mais difíceis circunstâncias foram os que sobreviveram.

Hoje em dia, a ênfase na busca do significado da vida parece estar em desacordo com a cultura atual, voltada à busca da felicidade individual. As pessoas praticamente são obrigadas a serem felizes. E ficam felizes quando conseguem o que querem.

Contudo, o que diferencia o ser humano dos animais não é a busca da felicidade, mas a busca de sentido – atributo único dos seres humanos.

Segundo Frankl, para ter uma vida repleta de significado, “você deve usar suas capacidades e talentos mais elevados ao serviço de algo que você acredita que seja maior que si mesmo”.

Antes de ser enviado ao campo de concentração, Frankl tinha um visto para imigrar para os Estados Unidos, onde poderia se destacar mais ainda em sua carreira. Mas os nazistas começaram a prender os judeus e levá-los aos campos de concentração, começando pelos mais velhos. Era questão de tempo para que eles levassem seus pais. Recém-casado, com um visto em mãos, ele sentia a responsabilidade de ficar com eles e ajudá-los na difícil vida no campo de concentração.

Frankl não sabia mais o que fazer.

Então ele foi à catedral para meditar e repetiu a pergunta, “Devo deixar os meus pais para trás? Devo me despedir e entregá-los ao seu destino? Ele esperava uma resposta dos céus. Ao chegar em casa, ele finalmente a encontrou. Estava na mesa. Seu pai havia trazido um pedaço de mármore da sinagoga que os nazistas tinham destruído. O mármore continha o fragmento de um dos Dez Mandamentos, aquele sobre honrar pai e mãe. Com isso, Frankl decidiu ficar em Viena e renunciar a qualquer oportunidade de conforto, segurança e carreira que teria nos Estados Unidos.

Ele resolveu deixar de lado seus desejos e necessidades pessoais e servir os seus pais, e mais tarde, a outros companheiros no campo de concentração. A sabedoria de Frankl desenvolveu-se a partir disso.

“Tornar-se humano aponta para alguma coisa ou alguém que não seja si mesmo. Quanto mais uma pessoa deixa de olhar para si mesma, doando-se a uma causa ou a pessoas necessitadas, mais humana ela é.”

A busca de sentido na vida é o que torna o ser humano único e digno. Dedicando-se ao próximo, manifestamos não apenas a nossa humanidade, mas também reconhecemos que existem outras coisas a serem buscadas na vida além da nossa própria felicidade.

Wan Yu Chih
Presidente da Comissão Distrital da Fundação Rotary 2016-2019

Extraído do artigo “There’s More to Life Than Being Happy” de Emily Esfahani Smith,  publicado em The Atlantic, Janeiro de 2013.

Conferência Mundial Rotary pela Paz

rotary world peace conferece 2016

Boa intenção não é o suficiente. É preciso fazer alguma coisa. Esse é o pensamento do Rotary no tocante à paz mundial.

Nos dias 15 e 16 de janeiro, mais de 1.500 participantes se reuniram em San Bernadino na Califórnia para a Conferência Mundial do Rotary pela Paz. Cerca de 150 especialistas de diversas áreas apresentaram ideias e soluções para a redução da violência e resolução de conflitos no planeta.

Foram debatidos assuntos como o combate ao tráfico humano, redução da violência urbana, violência na escola, genocídio, diversidade religiosa e étnica, questão indígena, conflitos na Ásia e no Oriente Médio, terrorismo, proliferação de armas nucleares, crise dos refugiados, papel da mídia na eliminação de conflitos e da tecnologia na criação de uma sociedade pacífica.

Ressaltou-se também o papel do Rotary na promoção da paz e na mediação de conflitos internacionais.

“Os membros do Rotary estão tomando a paz em suas próprias mãos”, disse K.R. Ravindran, Presidente mundial do Rotary. “Não podemos esperar que os governos construam a paz, ou as Nações Unidas. Não podemos esperar que a paz nos seja entregue de bandeja. Temos que construir a paz desde a base da sociedade.”

Além dos projetos humanitários que promovem a compreensão entre os povos, a arma mais poderosa que o Rotary tem contra a guerra, violência e intolerância é o programa de bolsas de estudo que forma profissionais que vão à luta pela paz e resolução de conflitos.

Wan Yu Chih
Presidente da Comissão Distrital da Fundação Rotary 2016-2019