Nas edições de abril e junho de 2016 da revista Rotary Brasil, o Curador da Fundação Rotary, Mário César Camargo, falou da importância dos Rotary Clubs desenvolverem projetos de maior envergadura e impacto.
À mesa da Fundação Rotária, não tenho visto grandes projetos brasileiros, que demandem mais de 100 mil dólares de subsídios, portanto da alçada do Conselho de Curadores. Seria uma satisfação, na minha gestão como curador, ver iniciativas de grande impacto e abrangência oriundas de distritos brasileiros.
Os coordenadores, o diretor brasileiro de Rotary International e eu podemos servir como elo entre distritos para emparceiramento. Já estabelecemos contato com distritos da Índia e do norte e do sudoeste americano para projetos brasileiros dos distritos 4420 (São Paulo e Baixada Santista) e 4490 (Piauí, Ceará e Maranhão). Tudo começa com um projeto bem redigido e estruturado.
Os 38 distritos brasileiros têm 3,5 milhões de dólares de Fundo Distrital de Utilização Controlada (FDUC) não utilizados. Isso significa dinheiro parado, aguardando projetos, variando entre os 12.325 dólares do distrito 4720 (Pará, Amazonas, Porto Velho e Acre) e os 341.405 dólares do distrito 4420. Todos os distritos brasileiros, sem exceção, têm saldo disponível para investir em projetos. Lembrem-se: esses 3,5 milhões de dólares, emparceirados, tornam-se 14 milhões de dólares (3,5 milhões de distritos brasileiros mais 3,5 milhões de distritos estrangeiros mais 7 milhões da Fundação].
Em nível global, serão 234 milhões de dólares para investimento em projetos. Mesmo deduzidos os 120 milhões de dólares destinados à erradicação da pólio, é muita verba.
Um exemplo de sucesso no Brasil, o primeiro que tive o orgulho de relatar para o Conselho de Curadores, foi o projeto GG 1637115, para a Santa Casa de Montes Claros, MG (distrito 4760). Como o projeto excedeu 100 mil dólares da Fundação, coube ao Conselho de Curadores aprová-lo. Com valor total de 296.700 dólares, recebeu o subsídio de 128.800 dólares da Fundação.
É uma tremenda responsabilidade para o distrito garantir a implantação desse projeto com sucesso. Desenhada para beneficiar anualmente 2.000 pacientes de toda região, recuperando-se de derrame cerebral, a iniciativa inclui equipamento, treinamento, publicidade e transporte. Implicará o envolvimento dos 8 clubes da cidade, com maciça responsabilidade dos rotarianos locais, a administração da Santa Casa, a divulgação em rádio, jornal e TV locais, além do envolvimento da agência de desenvolvimento regional e do SAMU.
Sustentabilidade é isso: avaliação correta, participação dos clubes locais, agências relacionadas, treinamento do pessoal técnico, monitoramento por rotarianos e comunidade, divulgação e conscientização, investimento prioritariamente local.
Não é distribuir dinheiro a granel, mas investir solidamente em projetos que, uma vez desconectados da Fundação, ainda sirvam à comunidade por muito tempo.
Mário César Camargo é associado do Rotary Club de Santo André, São Paulo, foi presidente da Gráfica Bandeirantes, vice-presidente da FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, e é Curador 2015-19 da Fundação Rotary.
Texto extraído dos artigos “Falta dinheiro, falta parceiro ou falta projeto?” e “Quem quer dinheiro?” publicados na revista Rotary Brasil edição de abril de 2016 e junho de 2016.